terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Conheça a história da cobiçada faixa presidencial


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HISTÓRIA DO BRASIL  

Conheça a história da cobiçada faixa presidencial

Símbolo do poder do Presidente da República, a tradição da centenária faixa é cheia de lendas e boatos

Severino Motta e Priscilla Borges, iG Brasília | 31/10/2010 17:00

Símbolo do poder do Presidente da República, a faixa presidencial completará 100 anos quando Luiz Inácio Lula da Silva a entregar a seu sucessor. Instituída em 21 de dezembro 1910 por um decreto do presidente Hermes da Fonseca – que foi o primeiro a usá-la – a faixa recebeu ajustes e reformas ao longo dos anos. 
A peça que Lula vai repassar ao próximo presidente eleito está novinha. Passou por um longo e polêmico processo de renovação. Como é confeccionada em seda, o desgaste pelo uso é natural. Desde a época de Collor, a faixa era a mesma. Para completar, não estava adequada aos moldes definidos no decreto que a criou.
Ao longo dos anos, a faixa presidencial ficou mais estreita do que o previsto. Dos 15 cm de largura definidos por decreto, ela possuía 12,5 cm. O brasão, inicialmente rico em detalhes e bordado a ouro, ficou simples. Então, o cerimonial sugeriu a confecção de outra peça. Exatamente como idealizada por Hermes da Fonseca.
O sucessor de Lula receberá uma faixa confeccionada por empresa contratada em licitação por R$ 38 mil que ainda ganhou toques de uma restauradora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ela costurou com fios de ouro o brasão da República na faixa, que é feita em chamalote de seda. As franjas da faixa também possuem pequenas correntes banhadas a ouro.
Um último detalhe da faixa, no entanto, não tem sua trajetória conhecida pelos historiadores que trabalham no Palácio do Planalto. No encontro das extremidades da faixa, usa-se um imponente e broche de ouro 18k, maciço, cravejado com 21 brilhantes. No centro, a face da mulher que simboliza a liberdade na pintura de Delacroix “A liberdade guiando o povo”.
“Não se tem registros sobre quem mandou faze o broche, nem quando. Mas ele é guardado com o maior cuidado pelo cerimonial”, conta o diretor de Documentação Histórica da Presidência da República, Claudio Soares Rocha. A faixa presidencial deixa seu cofre somente uma vez por ano, no dia 7 de Setembro, quando é usada pelo presidente durante o desfile cívico-militar.
Identificação
A ideia de criar um “símbolo” para o poder presidencial não foi original. Historiadores lembram que a inspiração vem da Antiguidade, quando as autoridades locais usavam coroas de louros para demonstrar que possuíam poder sobre determinada região. Com o cristianismo, o louro da coroa foi substituído por ouro. Na Idade Média, os muçulmanos foram os primeiros a utilizar uma faixa de tecido para representar poder.
“A origem direta da faixa é muçulmana e militar. Eles a usavam sob os ombros ou na cintura. É uma distinção, como outras usadas por diferentes povos: estrelas e coroas. Com a Revolução Francesa, o símbolo precisava ser mais sutil que as coroas dos reis. No Brasil, era interessante a adoção de um ritual que representasse a transmissão de poder temporário do regime republicano”, comenta Pedro Paulo Funari, professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Claudio Rocha lembra ainda que, quando Hermes da Fonseca decidiu criar o símbolo por decreto, queria que as pessoas o reconhecessem assim que o vissem em qual evento público. “É preciso lembrar que não havia televisão naquela época. Não é como hoje que todos sabem quem é o presidente. O símbolo era importante nesse sentido.”
Para Estevão Martins, professor do Departamento de História da Universidade de Brasília, a faixa presidencial brasileira é um símbolo até “simplório” diante do cargo que representa. “Esse é o único sinal que distingue o presidente da República. Acho uma idiotice se discutir quanto se gasta para reformar ou não a faixa”, diz. “É um símbolo que não tem nome, transmitido de uma pessoa a outra. O rito de transmissão da faixa é fundamental para mostrar que o poder também passa.”

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